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7 minutos de leitura · 2023/08/18

O DRM do Google para a web e o futuro da web

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Introdução

A utilização de anúncios é a principal forma de monetização de conteúdo na internet. Uma das maiores empresas do meio, o Google, possui isso como principal método de arrecadação, muitas vezes comprometendo a privacidade e segurança do usuário para mostrar anúncios.

Por causa disso, muitos usuários sentem-se incomodados com a grande quantidade de anúncios que são expostos todo dia em tudo o que usam. Logo, utilizam ferramentas como extensões de navegadores para bloqueá-los completamente ou permiti-los apenas para um grupo seleto de páginas.

Para combater isso, o Google começou a impor regras mais rigorosas para a implementação de extensões para seu navegador Chrome. Já que ele controla a maior parcela do mercado de Internet Browsers, sendo praticamente um monopólio, essa mudança acabou afetando muitos usuários. No entanto, Mozilla e navegadores baseados em Chromium começaram a trabalhar para “driblar” essas regras novas.

No entanto, a Google parece não ter deixado barato, pois no último mês decidiu começar a implementar a Web Environment Integrity API (WEI). Basicamente, ele fornece uma forma para as páginas web verificarem a autenticidade do usuário e o ambiente em que eles estão. Isso é feito, segundo a proposta, por meio de um teste de autenticidade antes do website começar a enviar qualquer dado.

Com esse mecanismo o Google permite que sites deixem apenas uma seleção de Web Browser e Sistemas Operacionais. Por sua similaridade a o que aplicações desktop pagas fazem para verificar a autenticidade do software, por meio de DRMs, essa proposta do Google ganhou o apelido de “Google’s DRM for the Web”.

Controvérsias

A empresa alega que sua proposta ajudaria páginas a bloquear robôs coletores de dados. Esse problema é algo que realmente é relevante para muitos, principalmente com o surgimento de modelos de aprendizagem de linguagem que são treinados utilizando dados de páginas web sem o consentimento delas. No entanto, a solução proposta pelo Google recebeu diversas críticas.

A Mozilla, Brave, Vivaldi e Free Software Foundation já se manifestaram contra a proposta. Além disso, várias pessoas no repositório do github da proposta criaram issues criticando a proposta antes do Google fechar eles, vejamos alguns deles traduzidos ao português:

Completamente não ético e contra a web aberta

joshuamauldin

[...] é difícil imaginar como isto não é uma DRM para browsers que força mais anúncios e monitoramento para as pessoas. Não há benefícios nisto para os usuários, apenas para anunciantes. A ética por trás disto é, no mínimo, duvidosa. Tudo sobre ele não parece genuíno.

O uso desta proposta por anunciantes pode ser um risco para usuários

dmarti

Esta proposta facilita o uso de anúncios pelo Google (e possivelmente outras entidades) em sites com métricas de usuário não confiáveis. Monitorar e coletar dados de pessoas em sites não confiáveis é perigoso, pois beneficia pessoas mal intencionadas a construir páginas desse tipo e dar visitas para elas enganando os usuários.

Por favor, não escute os viciados em adblock, lance este projeto o mais rápido possível!

zb3

O bloqueio de anúncios é um vírus que está se espalhando e todos sabemos que deixa as pessoas infelizes, visto que para uma pessoa ser feliz ela precisa pelo menos ver 250 anúncios todos os dias…

Espera um momento. Esse último é meio suspeito...

Problemática

A proposta abrirá as portas para páginas web coletarem ainda mais dados sobre seus usuários. Além disso, permitirá esses sites bloquearem o acesso de navegadores que tenham adblock integrado ou que permitam esse tipo de programa na forma de extensões.

Páginas como o Youtube, que é do Google, poderão obrigar os seus usuários a acessá-lo apenas pelo Chrome ou pelo aplicativo oficial em um sistema operacional que o usuário não tenha acesso root.

Além disso, como o Google tem um monopólio no mercado de navegadores web, a maioria dos usuários comuns não irão perceber diferença nenhuma quando isso for implementado. Logo, será normalizado e não haverá mais nada que possa ser feito quando chegar a esse ponto.

Referências

Posicionamentos sobre o tema